Por Henrique Esper
Contos de fadas são velhos conhecidos nossos. Estou para conhecer quem nunca se encantou com lugares distantes, duelos de espadas, feitiços, príncipes, princesas e, claro, o amor verdadeiro.
Quando crianças aprendemos a acreditar que um dia encontraremos a pessoa certa e viveremos felizes para sempre. Quando crescemos, passamos a crer que não há espaço no mundo real para contos de fadas. E, talvez, o amor verdadeiro nunca bata a nossa porta.
Porém, sempre tem alguém que nos lembra como era escutar essas histórias, como é sentir o coração bater mais rápido e como era acreditar que sempre há um final feliz nos esperando. Por isso, resolvi fazer uma resenha dupla sobre um livro e um filme (baseado no livro) com esse tema. Eles se chamam:
Beastly (A Fera). Já deu para sacar o assunto, não é mesmo? Estou falando de duas obras inspiradas em um dos contos de fadas mais conhecidos no mundo:
A Bela e a Fera. Apesar do filme ser baseado no livro da autora Alex Flinn, eles são bem diferentes então, vamos por partes.
O livro.
O que eu mais gostei de
Beastly foi o fato do livro não ter sido inspirado ou baseado no conto
Bela e a Fera, mas sim em SER o próprio conto! Claro que pequenas modificações tiveram que ser feitas já que a história se passa na Nova York dos dias de hoje.
A Fera é um garoto chamado Kyle Kingsbury, o mais rico e bonito de uma escola de alto nível de Nova York. Porém, só porque uma coisa é bonita não significa que ela é boa. E Kyle é o melhor exemplo disso. Ele é superficial, cruel, e seu passatempo preferido é falar mal dos outros. Depois de tomar uma lição de moral, na frente de toda a sala, de uma garota esquisita e com uma aparência repugnante, chamada Kendra (a bruxa da história), Kyle decide se vingar. Ele convida a tal garota para o baile da escola com a intenção de deixá-la sozinha na porta do salão, fazendo-a passar vergonha na frente de todos
Grande erro! Depois da festa, Kyle se surpreende ao ver Kendra em seu quarto. A garota revela-se uma linda feiticeira e transforma o jovem em uma fera horrenda com pelos, garras e tudo que um bicho desses tem direito. Ela dá ao jovem dois anos para que ele encontre alguém que o ame e, aqui é a parte difícil, que ele ame de volta. Se isso acontecer e ele for beijado pela garota o feitiço é quebrado. Caso contrário, ele tem que viver como um monstro para o resto da vida.
Para piorar as coisas, o pai de Kyle valoriza demais a aparência física e só pensa em trabalho, deixando o jovem em segundo plano. Por isso, quando não pode ajudar o filho a voltar ao normal ele “na melhor das intenções” compra uma casa no Brooklyn (o castelo do conto) com diversos equipamentos eletrônicos de última geração e deixa
o garoto a Fera lá, acompanhado de uma empregada, Magda, e um tutor Will, que são os primeiros amigos verdadeiros de Kyle.
A partir dai a história se desenrola da mesma forma que o conto, Kyle espia as pessoas com seu espelho mágico, um homem invade
o castelo a casa super equipada e troca a própria filha (que em
Beastly se chama Linda) pela sua vida, o monstro e a jovem começam a se conhecer melhor... até desabrochar no final feliz (que vem com um pouco ação!). Sem falar nas rosas, um elemento importantíssimo e sempre presente durante a narrativa.
Outra coisa que me chamou a atenção foi a mudança de perspectiva. Toda a história é contada pelo ponto de vista da Fera, mostrando como ele realmente mudou. Além disto, a bruxa, que em algumas versões do conto aparece em sonhos para Bela, conversa frequentemente com Kyle através do espelho. Sem falar no divertido chat para pessoas enfeitiçadas, no qual personagens como a pequena sereia e o sapo (da história
A Princesa e o Sapo) fazem parte.
O filme.
Sinceramente, não gostei do filme. Eu sei que o livro sempre é melhor e juro que estava aberto a aceitar algumas mudanças, mas o filme não é muito bom. Em primeiro lugar algumas personagens tiveram sua personalidade mudada completamente. O pai de Linda não é um drogado egoísta, como é retratado no livro, que dá sua filha para um estranho em troca de liberdade. Outro exemplo é a namorada de Kyle que, no filme, só era má porque namorava o menino.
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No longa metragem a aparência humana do garoto foi preservada. |
Além disto, o filme dá a entender que Kyle(Alex Pettyfer) já gostava de Linda (Vanessa Hudgens) antes mesmo antes de ser transformado em Fera, o que foge completamente da história do livro e do conto, já que aprender a amar alguém além das aparências foi um processo que os dois viveram juntos. Sem falar que o final emocionante do livro foi alterado para um final clichê de filme estilo sessão da tarde.
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O filme será lançado no Brasil no dia 12 de agosto de 2011. |
Mas, nem tudo é ruim. As atuações de Mary-Kate Olsen, como bruxa, e de Vanessa Hudgens estão muito boas. Outra coisa bacana foi o fato de Kyle não espiar as pessoas através do espelho mágico (que não existe no filme), mas sim por uma rede social. Porém, se você for assistir um filme sobre
A Bela e a Fera assista a animação da Disney.
Enfim, seja nas páginas de um livro ou nas telas do cinema, esta é uma história que te levará para um lugar conhecido, porém já esquecido. Onde bruxas existem, magia é a lei e, onde, o amor verdadeiro é a força mais poderosa de todas. Afinal, o amor nunca é feio e todos precisamos de beleza em nossas vidas.
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Imagem de André Uenojo. |